quinta-feira, março 10, 2011
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"Mas o que vou dizer da Poesia? O que vou dizer destas nuvens, deste céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia. Isso fica para os críticos e professores. Mas nem tu, nem eu, nem poeta algum sabemos o que é a poesia." Garcia Lorca.
10 comentários:
Consegues fazer algo novo do tema da alteridade...sem perder o ritmo e a carga arrebatadora da poesia. Parabéns!
Uma entrega! Eu lírico se compondo no desfazer-se de si pelo encontro com o outro. Uma fala suprema de quem se sabe tocada, acesa pela chama do outro que quer falar e fala, que quer dizer e diz, que quer voar e voa, que quer fugir e foge... nas entrelinhas, o encontro. Mãos dadas nos versos tecidos.
Gaúcha, segue um poema em diálogo com o teu:
invasão
põe-se fora
de dentro de mim
um outro
que sou eu
e que me cala
do que quero
às vezes se faz notar
noutras
submerso
fixa as braçadas
quando superfície
- é só arte e vida -
- é só pulsar e devaneio -
e pesa sempre tanto quanto
sem sonhos
os medos afagam
aquilo que é desejo
e vazio...
Chico Araujo
Que beleza Cacau!
Amo sua sensibilidade, saudades desse cantinho, virei visitá-la mais vezes!
beijodamarisa
Perfeito!
Cheiros e saudade!
Um poema maravilhoso! Aborda a existência e a compreensão do mundo através das relações humanas. Construir valores não só com nossas idéias mas com idéias diferentes. Tudo isto com muita sensibilidade e ritmo.
esplêndido !
(tenho algo na mesma linha :
http://joebrazuca.blogspot.com/2010/11/sombras.html )
Sombras
tenho um lado vil
assim, meio servil
que faz muito alarde
porque é mais covarde
um lado falso
completamente canalha
que ajuda empurrar,
vestindo a mortalha,
o inocente do cadafalso
um lado que espezinha
sorri à navalha cortante
se achega sempre distante
astuto se acerca, se avizinha...
um todo tanto obtuso
de um sorriso escabroso
que usa sempre o abuso
e se lastima medroso
um lado que fede perfume
maquia com betume
disfarça a pele flácida
e se mantém plácido
ao cheiro do curtume
de pura peçonha
que baba na fronha
só tem pesadelos
de arrepiar os pelos
e finge que sonha...
um lado de unhas sujas
mãos sempre meladas
carimbos de garatujas
obras perenes e inacabadas
eternamente infame
que só se dá ao reclame
que se esconde na noite
acaricia com açoite
e provoca o enxame
um lado tanto gelado
que se esgueira de lado
com porte adequado
nunca certo, todo errado
excêntrico , marginalizado...
um lado soberbo
por roubado acervo
com perfil escuso
de empáfia sórdida
nunca concluso
e polidez mórbida...
tenho um estranho lado
meio tudo, meio nada
personagem disfarçada
sempre camuflado
meio assim, meio assado...
muito booooommmm!
E essa, suponho, é nossa melhor parte. Sem máscaras, sem disfarses, sem pré-conceitos, de peito aberto, se jogando feliz, rasgando o ar, achando o mar, um mergulho, na alma. Lindo. Parabéns!!!
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